quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Mochilão Chile - Peru - Bolivia - 1ª Parte



 Como tem muita coisa para contar do mochilão e eu gostaria de dar detalhes, resolvi dividir os textos em três partes. Na primeira, contar como foi a partida até chegar na cidade de Arequipa. Na segunda parte: Arequipa - Cuzco - Macho Picchu. E na terceira: Puno - Bolívia e o retorno para a casa. Aqui vai a primeira da minha aventura.




Nós partimos para a cidade de Arica na noite do dia 20 de julho deste ano. Éramos um grupo de dez pessoas, no qual eu era o único brasileiro. O restante eram chilenos. Nosso bando incluía uma linda criança de oito anos. O que no principio parecia impossível para ela, foi uma grande surpresa, pois além de fazer todo o caminho até Macho Picchu bravamente, foi uma das poucas que não sentiu a força da altitude.

Agora voltando ao nosso roteiro de mochilão. Saímos de Santiago na madrugada do dia 20 para o dia 21 de Julho. 

Arica é uma cidade que faz fronteira com o Peru e ponto de partida para grupos de mochileiros que pretendem desvendar aquelas terras. Antigamente a região foi domínio peruano, mas depois da famosa Guerra do Pacifico passou à administração chilena. Apesar de estar em território do Chile, você já se sente no Peru, pois a população é mesclada e a forte influência peruana  na cidade é notável. Arica é uma cidade litorânea e possui um porto, mas, apesar de ser o destino do nosso avião, não era nossa intenção em um primeiro momento conhecê-la.

Falando em intenções, vou descrever brevemente qual seria nossa possível rota.
Planejamos pegar um avião de Santiago a Arica, com duração de três horas. Em Arica teríamos que partir logo no inicio para o Peru, mas especificamente para a cidade de Tacna. Por sua vez, Tacna não seria um lugar a se conhecer, já que não oferece muitos pontos turísticos. Nossa intenção era ir diretamente para a cidade de Puno, que fica como oito horas do local. De Puno seguir para Cuzco e aí montar nossa rota para Macho Picchu. Depois de Macho Picchu voltaríamos para Cuzco e depois Puno, mas somente para pegar um ônibus e irmos para a Bolívia, já que a cidade é fronteiriça. Ufa, quanta coisa, hehe.

Nesse mapa, é possível verificar nossa rota


Na Bolívia seguiríamos para Copacabana ( não é a praia carioca ). Lá conheceríamos a Ilha do Sol, para então voltarmos a Puno, novamente Tacna, e finalizando em Arica. Nosso voo de retorno estava marcado para o dia 31 de julho. Parece complicado, mas é uma das rotas mais feitas para quem deseja conhecer Macho Picchu e Ilha do Sol partindo do Chile.

É claro que isso era o nosso planejado, mas uma coisa que não se deve esquecer quando se faz um mochilão, é: Nem tudo dá certo. Sim, tivemos que alterar nossa rota e mudar algumas coisas, mas nada que alterasse o nosso plano original de conhecer Macho Picchu e Bolívia. 

Chegamos em Arica as três e meia da manhã. Não existiam ônibus partindo para o Peru nesse horário, portanto, tivemos que esperar até as 8hrs, quando tudo começaria a funcionar. Nossa aventura começou nesse momento, quando decidimos dormir no aeroporto. Colocamos as mochilas no chão, pegamos nossas mantas e “descansamos” o tempo que a madrugada nos reservara.  A opção “pagar um hotel” era impensável, já que estavamos em regime de economia. Eu não consegui dormir. Apenas fechei os olhos para enganar o meu corpo. Quando o sol surgiu pegamos um taxi até o terminal de ônibus de Arica. 

Dormir no aeroporto foi um sacrifício pelas economias


O terminal é um pouco confuso, portanto deve-se tomar cuidado e colocar bastante atenção. Você tem duas opções. Ou você pega um taxi que te deixa no Peru por um preço um pouco maior ( Cerca de R$20,00 ) ou você vai de ônibus. Só não espere conforto, pois os ônibus são simples e às vezes não muito seguros. O ônibus nos custou R$10,00 por pessoa. Importante é não se esquecer dos documentos que a aduana pede. Você deve estar com sua identidade ou passaporte disponível.
Agora descrevendo um pouco da paisagem que a fronteira entre Chile e Peru proporciona. A região é desértica. Você se sentirá em um filme naquelas estradas estreitas e aquela paisagem de areia sem fim. Não deixa de ter seu encanto. O ar também é muito seco.

Estrada. Chegado no Peru
 A viagem de Arica a Tacna dura em torno de 2 horas com a passagem nas aduanas do Peru e do Chile. 

Uma dica muito importante é sobre a língua. O espanhol não é uma língua tão fácil quanto imaginam os brasileiros. Você pode se enrolar facilmente. Tente ir pro seu mochilão preparado, nem que for com um dicionário. O inglês ajuda muito na comunicação com estrangeiros de todo o mundo, mas os peruanos geralmente não falam inglês. O espanhol deles é um das melhores da América do Sul, mas como a população tem uma forte influência indígena, boa parte deles fala o quéchua, que é a antiga língua inca. Alguns falam mais quéchua que espanhol, então complica um pouco na comunicação, até mesmo pra um hispânico nativo.

Falando em Peru, vou passar algumas informações sobre o país:

O Vermelho é estandarte inca e o branco a paz - Bandeira do Peru
 
   O Peru é um país localizado na América do Sul e tem uma população de 28 milhões de pessoas, que possuem uma forte influência indígena e europeia. A sua capital é Lima, e entre as principais cidades estão Arequipa e Cuzco. O Peru se tornou um importante polo turístico depois da descoberta da lendária cidade inca de Macho Picchu.
Entre a cordilheira dos Andes e uma densa selva, o norte-americano Hiram Bingham quem, à frente de uma expedição da Universidade de Yale, redescobriu e apresentou ao mundo Machu Picchu em 24 de julho de 1911. Desde então, o local recebe visitas todos os anos e é considerado patrimonial mundial pela UNESCO.
Além de ser berço de uma das mais importantes impérios no mundo, os Incas, o Peru encanta por sua diversidade e belezas naturais, que vão desde o Deserto de Nazca e as imponentes montanhas dos Andes até a floresta Amazônica. 

Voltando... Chegando em Tacna ficamos um pouco assustados. Estar em um outro país é respeitar as suas diferenças, o seu povo, e a sua cultura. O Peru é um lugar bem diferente do que estamos acostumados. O trânsito tem a sua própria lógica ( caótica seria a palavra para os brasileiros ), e você encontrará a influência indígena em todos os lados, desde a comida até a artesania.

Já na fronteira Chile - Peru, apesar do calor do deserto, o vento deixava tudo frio


 Em Tacna fomos logo advertidos por um policial. “ Vocês vão tomar cuidado para não serem assaltados”. É óbvio que ficamos com mais medo depois disso. Como éramos um grupo grande, e todos com mochilas e com um tom de pele diferente da população peruana, éramos facilmente notados como turistas.

A cidade seria nosso ponto de troca de moeda, portanto, tínhamos que redobrar o cuidado. Cada um de nós trocou cento e cinquenta mil pesos chilenos ( naquela época eu morava no Chile ), isso foi convertido em 800 soles ( sol é a moeda peruana ). Convertendo na data de hoje ( 04/09/2013) seriam R$696,00 ou oitocentos e vinte e sete soles. Nosso plano era economizar com comida e hospedagem, sempre procurando os lugares mais baratos e próximos do centro.

Trocamos o dinheiro e fomos buscar uma companhia de ônibus que nos levasse até a cidade de Puno. No terminal, nos sentíamos como carne fresca. Fomos assediados por todo tipo de vendedor que nos oferecia a cada vez mais barato a viagem. Nosso plano era Puno, mas fomos convencidos por um peruano a irmos a Arequipa. “ A viagem até Puno é mais complicada e perigosa. Compensa vocês irem para Arequipa, que é uma cidade linda, e depois para Cuzco, Além do mais, sai mais barato.” A viagem nos custou como R$15,000 e teve uma duração de 7 horas. Resolvemos seguir o conselho do peruanos e ir para Arequipa.

Paisagens Desérticas na fronteira entre os dois países


Como já mencionei antes, os ônibus no Peru são um pouco complicados. É claro que essa visão é comprometida pelo fato de nós sempre termos escolhido companhias baratas. Nossa opção de Tacna-Arequipa foi a empresa “Flores”, e de coração eu não a recomendo. O caminho para Arequipa é encantador. Uma beleza que misturava montanhas, selva e deserto. O problema era o ônibus que não oferecia nem um tipo de segurança e as estradas que também deixavam muito a desejar. Viajamos por precipícios, subindo montanhas e descemos. Sem contar o calor que fazia. Não tinha ar condicionado ( é óbvio que não ), e o sol era arrebatador. Apesar dos pesares e de pensarmos em vários momentos que não chegaríamos ao nosso destino, Chegamos a Arequipa, a cidade dos vulcões, e a partir de aqui, eu conto na próxima postagem, pois são muitas aventuras que seguem.

Uma foto só pra dar um gostinho de Arequipa - A cidade dos vulcões


Nenhum comentário:

Postar um comentário