segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Mochilão Parte 5 - Iha do Sol, Puno - Arica

A Bolívia amanheceu, nessa quinta parte da aventura, com um sol maravilhoso e um calor agradável. As ruas logo cedo já estavam movimentadas. Os turistas caminhavam pelas tendas de artesanato com grandes mochilas nas costas em busca de hospedagem. Tomamos café de bolachas e bobagens do tipo, e partimos para conhecer um pouco de Copacabana.



A cidade é agradável, tem alguns morros e no topo delas igrejas católicas vigiam o povo boliviano. Em um país onde 98% da população é cristã e que possui três idiomas oficiais ( espanhol, quíchua e aimará ), sendo dois de origem indígena, a cultura se preserva. Aqui você não encontrará McDonalds e nem Coca-Cola. As filiais desses dois nomes de destaque no capitalismo deixaram o país em 2012, depois de tentativas frustradas de se inserir na cultura boliviana. A saída das empresas foi comemorada na Bolívia como uma vitória contra o capitalismo. Apesar disso, a pobreza e a desigualdade é muito comum no país.




Os bolivianos são parecidos com os peruanos. Possuem, em sua maioria, traços indígenas marcantes, estatura baixa e uma cor entre o branco e o moreno. As mulheres andam com saias coloridas e longas. 

O comércio e o turismo em Copacabana são os motores da economia. Caminhando pela cidade, encontramos agências de turismos, lugares para dormir e lojinhas com produtos típicos em todo os lados. Os preços aqui são mais em conta. Comprei uma camiseta pelo preço de R$10,00 e uma touca típica pela bagatela de R$4,00.

No centro da pequena cidade contratamos nossa excursão até a Ilha do Sul, em um valor de R$18,00. Antes de partir, almoçamos em um bom restaurante que nos ofereceu uma comida quentinha e gostosa.

Isla del Sol



Isla del Sol é uma ilha no lago Titicaca, pertencente à Bolívia. Tem área de 14,3 km² e é a maior ilha do lago. Tinha o nome de Isla Titicaca.

É uma ilha sagrada para os Incas, onde se encontravam os santuários das "vírgenes del sol", dedicado ao Deus Sol. A ilha atualmente é povoada por indígenas de origem quechua e aymara, dedicados ao artesanato e ao pastoreio, principalmente de gado ovino.

Existem muitos sítios arqueológicos em volta da ilha. Estudos indicam que a civilização Inca teve origem na ilha, com o surgimento de Manco Capac.

O caminho até a Ilha principal demora cerca de uma hora e meia, e o fizemos de barco, o único meio de chegar até lá. A embarcação estava cheia de holandeses e americanos e tinha uma brasileira além de mim. Estávamos cansados e aproveitamos para descansar e dormir um pouquinho. 



A ilha tem uma beleza maravilhosa em um estilo inca inconfundível. É uma espécie de paraíso. Chegamos e tínhamos duas horas para percorrer o local. Estávamos cansados, mas tentamos subir o morro que levava até o templo principal. Fracassamos. Subíamos, subíamos e nunca chegávamos. Os indígenas levavam as mochilas dos estrangeiros em mulas que subiam em uma velocidade maior que a nossa. Na metade do caminho decidi voltar e esperar o restante do grupo na espécie de praia tentando aproveitar um pouco a natureza. No final ninguém do nosso grupo conseguiu chegar até o templo. Embarcamos novamente de volta à Copacabana. Antes passamos em mais uma pequena ilha para então seguir viagem. 





Um fato curioso desse dia foi que reencontrei um amigo que fiz no Peru, no caminho para  Machu Picchu. Um advogado norueguês que resolveu fazer um mochilão por dois meses na América do Sul. Sem falar espanhol, ele veio sozinho para aventuras na selva e em lugares longínquos.Provavelmente nunca mais o verei, porém achei legal revê-lo.



Nossa última noite na Bolívia foi caminhando pela feira artesanal e comprando presentes, que eram bem  baratos. Comprei uma camiseta da Bolívia, chaveiros, gorros e mais algumas coisas. Diferente do Peru, os bolivianos não costumam dar muitos descontos.

No dia seguinte levantamos cedo para partir. Como ficou acordado com o motorista, ele levaria nossos amigos que estavam sem documentos primeiro, e nos esperaria na fronteira para passarmos juntos. Estávamos aflitos, mas era nossa única chance. Por sorte deu tudo certo, e depois de duas horas de sair da Bolívia já estávamos novamente em Puno. 

Adeus Peru

PUNO


Nosso mochilão estava chegando ao fim. Só faltava o caminho de volta. Aquele sentimento de nostalgia já nos afetava. Lembrávamos os feitos e riamos. O fato é: Estávamos cansados e com saudade do nosso lar e aconchego, mas realizados.

Em Puno percorremos um pouco mais a cidade e voltamos ao hostel onde nos hospedamos. Lá, o simpaticíssimo dono nos ofereceu um café e  o uso da cozinha sem nos cobrar nada. Comemos e partimos para Tacna agradecidos pela generosidade do peruano.

O entardecer nos presentou com um final de dia lindo, e aquela sensação de que aquelas lembranças seriam eternas. Passamos a noite na estrada. 

ENTARDECER EM PUNO

Já em Tacna teríamos que resolver o problema com a embaixada do Chile, pois nessa última etapa nossos amigos sem documentos não teriam a mesma sorte que na Bolívia.  Nossa frustração foi grande quando descobrimos que a embaixada estava fechada. Era feriado no Peru...

Já estávamos chateados com nosso azar. Tentei por mais algumas vezes a campainha, e já íamos voltando para o terminal de ônibus quando um homem ( com cara de sono ), nos atendeu. Explicamos a situação com lágrimas nos olhos e o "nosso" compatriota resolveu nos ajudar. 

Na embaixada tomamos um banho e descansamos enquanto os papéis eram arrumados. Outros dois chilenos chegaram com um problema parecido: Eles tinham sido roubados na Bolívia.

Queríamos ir embora logo de Tacna. Não foi uma cidade que nos agradou muito. Aí os chilenos não pareciam bem recebidos também, e fomos insultados com " Chilenos conche tu madre", algumas vezes. 



Na praia em Arica


 Tudo resolvido fomos de ônibus para Arica. Aproveitamos o fim de tarde frio na praia e depois comemos o melhor " completo" ( cachorro quente ) que comi durante meus 6 meses no Chile. Maravilhoso, ainda mais depois de tanto tempo comendo arroz e batata frita, hehe.

O MELHOR COMPLETO DO MUNDO


Estava acabando. Ficamos agradecidos em voltar para Santiago, e por incrível que pareça, saiu quase tudo muito bem. Mudamos alguns planos, passamos por apuros, mas nos divertimos; conhecemos pessoas maravilhosas; culturas; lugares inesquecíveis. No final cada experiência foi válida e crescemos muito. Indico a qualquer pessoa colocar uma mochila nas costas uma vez na vida e fazer algo do tipo. Sem muito dinheiro, pensando na aventura e sem planejar muito. O que vale é a coragem e a disponibilidade.

Assim termina esse primeiro mochilão que fiz na minha vida. Espero e acredito que terei muitas outras viagens para compartilhar, mas essa sempre vai ser especial por ter sido a primeira e com pessoas incríveis. Agradeço em especial meus companheiros de aventura, BASTIÁN, MACA, JOSE, JABBI, PABLO, GIUSEPPE, TANIA, SEBA e VIVI. E agradeço ao Rocko Salinas que me ajudou muito, e ao Wilson, pois sem eles não seria possível realizar essa viagem. Gostaria de deixar uma frase que resume o tanto que aprende nesses 11 dias de viagens que tentei expor em 5 postagens. Obrigado pra todo mundo que leu também. Até a próxima ventura.


                        "As vezes é preciso se aventurar fora do seu mundo para se encontrar."


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